
O Hospital de Pediatria da UFRN está tendo dificuldades para cumprir a recomendação do Ministério Público Estadual, de que tanto o Hosped como o Hospital Universitário devem reservar leitos para receber crianças e adolescentes com dependência química e problemas mentais. Um dos problema está na falta de pessoal qualificado para lidar com esse tipo de paciente.“O Hosped é sim o lugar para receber pacientes com esse tipo de tratamento. Estamos nos disponiblizamos, mas não temos nem quantidade e nem profissionais qualificados para atender esses pacientes. Estamos diante de um desafio, que talvez sirva de motivação para que novos profissionais se interessem por essas especialidades”, disse a diretora do Hosped, Josana do Rosário Moura Caetano.Desde do ano passado, quando foi firmado o acordo entre os hospitais universitários, a Secretaria Municipal de Saúde e o Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I), essa é a primeira vez que o Hosped recebe um paciente com dependência química. A criança, de 11 anos, chegou ao Hosped na sexta-feira, dia nove, e já está passando pela primeira parte do tratamento que é a desintoxição. Como acontece em todo período de desintoxicação, o dependente tem crises de abstinência que podem deixá-los agitados e violentos. E foi isso que aconteceu está semana com o garoto. Segundo um médico do Hosped, que preferiu não se identificar, a criança teve uma espécie de ‘surto’ e quebrou alguns objetos da enfermaria em que estava. Esse episódio deixou os médicos e funcionários assustados.“Essa é uma reação comum nesse tipo de tratamento, como nossos médicos e funcionários não estão acostumados ficaram assustados, mas a situação foi rapidamente controlada. Ainda existe uma certa resistência por parte de alguns profissionais em assumir esses pacientes”, disse a diretora.De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta, cada um dos participantes do acordo tem uma responsabilidade a ser cumprida. Por exemplo, o Hosped disponibilizaria os leitos e o tratamento clínico, o Huol os psiquiatras, o CAPS I ficaria responsável por encaminhar e, posteriormente ressocializar essas crianças e a SMS por enviar cinco enfermeiros para ajudar no trabalho. Mas até agora, a Secretaria não cumpriu a parte dela.“Infelizmente os cinco enfermeiros ainda não foram enviados para o Hosped, que tem que adequar sua escala a quantidade de profissionais. Nós somos apenas uma pequena parte dessa rede de, estamos tentando fazer a nossa parte. Um outro problema é a falta de uma estrutura física adequada para cuidar desses pacientes ”, disse a Dr.ª Josana.Questionada se os hospitais gerais ofereciam tratamento adequado para pacientes com dependência química e problemas mentais, a médica Dulciana Costa, que trabalha com esses pacientes no CAPS, disse que “os hospitais têm condições de receber esses pacientes. Aliás, diante da situação dos nossos hospitais psiquiátricos, o s hospitais gerais, como Huol, Hosped, Walfredo Gurgel, devem oferecer os cuidados iniciais a esses pacientes”. Ainda segundo a médica, os hospitais ficam apenas com a parte clínica do tratamento, as atividades complementares que vão ajudar na ressocialização dessas serão feita pelo CAPS ou outras instituições com o mesmo perfil do Centro. Para a diretora do Hosped, a família é outro componente essencial dessa rede de tratamento. “Sem contar que a família também deve participar dessa etapa dando o apoio e o carinho necessários aos jovens”, disse Josana Caetano.
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